Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele.
E o corpo doeu-me onde antes os teus dedos foram aves de verão
e a tua boca deixou um rastro de canções.
No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti,
a dar-te um coração que era o resto da vida
- como um peixe respira na rede mais exausta.
Nem mesmo à despedida foram os gestos contundentes:
tudo o que vem de ti é um poema.
Contudo, ao acordar, a solidão sulcara um vale nos cobertores
e o meu corpo era de novo um trilho abandonado na paisagem.
Sentei-me na cama
e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos,
mas as sílabas caíam no fim das palavras,
a dor esgota as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.
- Maria do Rosario Pedreira -
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